segunda-feira, 21 de maio de 2007

Desigualdade entre iguais.


Caros amigos, o art.º 5º da Constituição diz que “... todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,...” A diferença só é mencionada no caso de homens e mulheres, e mesmo assim, para dizer que somos iguais em direitos e obrigações. A lei faz igualdade de sexos, dá liberdade de consciência, de crença, de liberdade de culto e liturgias, mas em nenhum momento faz distinção de raça.
Quando Einstein exilou-se nos Estados Unidos, ao responder um questionário para um agente da imigração sobre qual a sua raça, o físico teria respondido espantado: “Raça humana!” – gênio é gênio – foi uma antevisão: hoje a genética provou – vide o projeto Genoma Humano – que a espécie humana não se divide em raças. A natureza considera que as “raças” se formam em decorrência do isolamento das populações – vide Charles Darwin – O ser humano começou a migrar pelo globo há uns 120 mil anos evitando esse isolamento geográfico. Somos, geneticamente, absolutamente diferentes uns dos outros, independente de termos ou não a mesma cor da pele, dos olhos, do cabelo, etc. Transcrevo, na íntegra, uma explicação do pesquisador Sérgio Danilo Pena, participante do projeto Genoma Humano, publicado na Revista Época: “Eu, que sou branco, sou geneticamente tão diferente de outra pessoa branca, quanto de um negro africano. Se eu tiver acesso às ‘impressões digitais’ do DNA de dez europeus, dez africanos, dez ameríndios e dez chineses, não vou saber quem é de qual grupo. Todo mundo é diferente.” Portanto, caros amigos, não existe pureza racial e quem inventou as tais “raças humanas” foi o racismo científico nascido pelos 1.800 para justificar a escravidão e a opressão dos imperialistas.
Hoje, o que anda pelas ruas são os filhos diletos desse racismo, que são o preconceito e a discriminação. Haverá o dia em que o sonho de Luther King se realizará, o dia em que as pessoas serão julgadas pelo caráter e não pela cor da pele. Mas, se somos todos iguais – por tão diferentes geneticamente - por que acreditar na inferioridade intelectual de negros, índios ou amarelos? Por que aceitarmos privilégios seletivos baseados no critério da cor da pele? O processo de distribuição de vagas nas Universidades pelo sistema de cotas é inconstitucional e sustenta uma divisão racial que não existe.
Num primeiro momento pode parecer como sendo a resolução dos problemas de inclusão social, mas penso que nem os movimentos negros devem estar satisfeitos com esse tipo de solução que, a meu ver, pode gerar muito mais discriminação no futuro. O “apartheid” no Brasil não é racial, mas sim, social. Na realidade, os pobres, independente de sua cor, estão longe do acesso a seus direitos civis e sociais. E o sistema de cotas permite ao governo – que não sabe o que fazer - empurrar com a barriga o momento de investir pesado na geração de empregos, na saúde pública e, principalmente, em educação, que são coisas que efetivamente podem melhorar a vida de negros e brancos pobres, dando-lhes condições de concorrer com as classes economicamente superiores.

Pensem nisso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...