terça-feira, 12 de junho de 2007

Nossos pequenos delitos.


Caros amigos, um noticiário da noite mostrou, no saldo de um fim de semana, que um caminhão de bebidas havia tombado numa curva de uma estrada qualquer, enquanto o motorista sentado no asfalto, ainda tonto, era atendido pela polícia, a carga era saqueada por moradores da vizinhança. Eram mulheres, crianças, homens adultos, velhos, todos como uma horda de bárbaros, num alegre frenesi, disputavam a presa. Eu sei: isso é fato corriqueiro, já virou coisa comum. Alguns podem dizer: “E daí, meu? Não tem nada de novo! Não é de espantar!” Pois, pobres de nós se já perdemos a capacidade do espanto diante de uma coisa dessas e placidamente aceitamos que o ser humano aja como um chacal carniceiro. Ora, eram donas de casa ordeiras e pacíficas, eram crianças que freqüentam escola e igreja, eram chefes de família trabalhadores e honestos, eram velhos aposentados que já cumpriram seu dever para com a nação. Eram pessoas comuns,...éramos nós. Não eram piratas saqueadores. Não? Será que não? Só porque não usaram armas não significa que não furtaram. Aquela carga pertencia a alguém.
Que diferença há entre pequenos e grandes delitos? Não consigo ver nenhuma. Ninguém ali saqueou a carga porque tinha fome – o que talvez fosse justificável, repito talvez - saquearam apenas para “se dar bem”, para "levar vantagem" em alguma coisa, seja lá no que for. Que semelhança há entre pequenos e grandes delitos? O vício moral. O eterno erro de acreditar que quando eu faço algo errado é perdoável por que sou bom, quando é outro que erra, ele é mau e deve ser punido.
Nossa vida é cheia de pequenos delitos, é um somatório de pequenas trapaças “perdoáveis” que tentamos esconder sob o tapete do refinamento social. Enganamos a quem? De nada adiantam as passeatas de mãos dados carregando faixas pedindo paz e soltando "pombinhas" brancas e à noite ir até a boca-de-fumo para comprar uma "erva". Pura hipocrisia. Na maioria das vezes só não cometemos crimes maiores por falta de oportunidade, como essa de roubar carga tombada na estrada, ou por medo da punição. Nossa sociedade é ruim por que somos ruins individualmente. Se cada um de nós varresse a calçada diante da própria porta, logo a cidade inteira estaria limpa.
Pensem nisso!

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Biografia de um homem.







Caros amigos, li recentemente o livro Paulo de Tarso de autoria do filósofo catarinense Huberto Rohden, numa edição da Martin Claret. Recomendo. Como diria meu avô: “É supimpa!”. Trata-se, como o título faz entender, de uma biografia dramática do Apóstolo dos Gentios, que foi convertido às portas de Damasco. O que o livro tem de diferente? Simplesmente não santifica o homem, ao contrário, humaniza o grande herói do cristianismo. Desde o momento em que o jovem e orgulhoso fariseu dobrou seus joelhos sobre o pó da estrada, até a hora em que, em Roma, docemente oferece o pescoço ao carrasco de Nero, a história de Paulo nos ensina que não se pode mudar a sociedade se não mudarmos o homem. Para isso, trabalhou em si mesmo, até quase a exaustão, nos modelos deixados pelo Cristo: a fé e a coragem.
Fé que representa o auto-conhecimento – o “conhece-te a ti mesmo” de Sócrates- o entendimento de que tudo está no homem, de que é inata a capacidade de crescermos para o bem e para o belo, que é o destino final da humanidade. Fé que representa nosso poder em controlar nossas vidas, o livre arbítrio. Permitimos, ou não, que as coisas de Deus cheguem a nós. Nada está traçado, exceto nosso rumo para o bem, fora disso, somos os senhores do nosso futuro.
A coragem representa a auto-realização. A nossa experiência pessoal em vencer passo a passo os nossos velhos demônios interiores (aqueles que assolam nossas vidas, mas que teimamos em dizer que são dos outros, quando na realidade estão em nós). Sem isso, não há renascimento, não há auto-realização. Não existe redenção extrínseca ou seja, ninguém vai me salvar de nada; existe sim a auto-redenção, matar o homem velho em nós, a reforma interior. O Cristo, como modelo que é, nos orienta e ampara, mas não se mete nisso, é problema nosso. É uma luta humana.
A vida de Paulo de Tarso serve como exemplo para todos nós. Não é a biografia de um santo, é a vida de um homem em toda a sua grandeza e dor.

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