sábado, 8 de outubro de 2011

Ai, esse silêncio...



O silêncio não é só a ausência de som. Pode, às vezes, ser ensurdecedor. Há um silêncio na natureza, que precede as tempestades, e há o silêncio, sinal de estupidez, de estarrecimento diante do que parece inexorável. Esse é o incômodo silêncio que vem das ruas! Não como prenuncio de fúria, mas como sinal de perigosa acomodação. Esse deixa estar, deixa ficar. Esse silêncio do “nada mais importa!” desde que eu consiga o “meu”. O mesmo silêncio que serviu de fanfarra à festa da exploração da América Latina. O silêncio do servilismo que dobrou a coluna vertebral diante das intocáveis majestades que tudo podem. E que ainda continua servindo e dobrando-se. Continuam os desmandos dos coronéis do açúcar, do café e do gado, não mais nas figuras do “sinhô” e da “sinhá”, mas agora travestidos na política. Intocáveis, locupletados de prerrogativas legais exclusivas, servindo-se do bem público como se privado fosse. E, a tudo, a grande massa de povo inculta e aculturada, se cala. Sempre subserviente, temerosa de perder as benesses sociais que lhe caem ao colo. Nada mais que migalhas, as sobras da mesa farta. Onde a segurança pública? Onde a saúde pública? Onde a educação? Coisas de menor importância. Afinal, vêm aí a Copa do Mundo e as Olimpíadas. “Oh! Não temos ainda uma Seleção confiável”. A grande preocupação! Calou-se, nos corações, a revolta cívica do esquecido Tupac Amaru. Simon Bolívar e San Martin são apenas figuras dos livros de história (pouco lidos) e Tiradentes foi apenas um "barbudo" que morreu enforcado.

Esse silêncio constrangedor é fruto do egoísmo das nossas individualidades. A solidariedade e a responsabilidade coletiva deveriam ser os motores que colocariam em funcionamento uma sociedade mais humanista. Hoje, Rui Barbosa é cada vez mais atual: De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. O povo é quem deve governar o governo. Mas como? Se cada povo faz governo de seus pares.

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