terça-feira, 22 de maio de 2007

Dicotomia


A morte não me põe lágrimas,
é da vida que me vêm as emoções.
A morte é coisa traçada,
sem graça, tá ali, no fim de tudo.
Insofismável.
Desagradável.
Irreparável.
A vida sim, é ato vago,
coisa de ter coragem,
Presente.
Transigente.
Surpreendente.
E tão da gente!

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Desigualdade entre iguais.


Caros amigos, o art.º 5º da Constituição diz que “... todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,...” A diferença só é mencionada no caso de homens e mulheres, e mesmo assim, para dizer que somos iguais em direitos e obrigações. A lei faz igualdade de sexos, dá liberdade de consciência, de crença, de liberdade de culto e liturgias, mas em nenhum momento faz distinção de raça.
Quando Einstein exilou-se nos Estados Unidos, ao responder um questionário para um agente da imigração sobre qual a sua raça, o físico teria respondido espantado: “Raça humana!” – gênio é gênio – foi uma antevisão: hoje a genética provou – vide o projeto Genoma Humano – que a espécie humana não se divide em raças. A natureza considera que as “raças” se formam em decorrência do isolamento das populações – vide Charles Darwin – O ser humano começou a migrar pelo globo há uns 120 mil anos evitando esse isolamento geográfico. Somos, geneticamente, absolutamente diferentes uns dos outros, independente de termos ou não a mesma cor da pele, dos olhos, do cabelo, etc. Transcrevo, na íntegra, uma explicação do pesquisador Sérgio Danilo Pena, participante do projeto Genoma Humano, publicado na Revista Época: “Eu, que sou branco, sou geneticamente tão diferente de outra pessoa branca, quanto de um negro africano. Se eu tiver acesso às ‘impressões digitais’ do DNA de dez europeus, dez africanos, dez ameríndios e dez chineses, não vou saber quem é de qual grupo. Todo mundo é diferente.” Portanto, caros amigos, não existe pureza racial e quem inventou as tais “raças humanas” foi o racismo científico nascido pelos 1.800 para justificar a escravidão e a opressão dos imperialistas.
Hoje, o que anda pelas ruas são os filhos diletos desse racismo, que são o preconceito e a discriminação. Haverá o dia em que o sonho de Luther King se realizará, o dia em que as pessoas serão julgadas pelo caráter e não pela cor da pele. Mas, se somos todos iguais – por tão diferentes geneticamente - por que acreditar na inferioridade intelectual de negros, índios ou amarelos? Por que aceitarmos privilégios seletivos baseados no critério da cor da pele? O processo de distribuição de vagas nas Universidades pelo sistema de cotas é inconstitucional e sustenta uma divisão racial que não existe.
Num primeiro momento pode parecer como sendo a resolução dos problemas de inclusão social, mas penso que nem os movimentos negros devem estar satisfeitos com esse tipo de solução que, a meu ver, pode gerar muito mais discriminação no futuro. O “apartheid” no Brasil não é racial, mas sim, social. Na realidade, os pobres, independente de sua cor, estão longe do acesso a seus direitos civis e sociais. E o sistema de cotas permite ao governo – que não sabe o que fazer - empurrar com a barriga o momento de investir pesado na geração de empregos, na saúde pública e, principalmente, em educação, que são coisas que efetivamente podem melhorar a vida de negros e brancos pobres, dando-lhes condições de concorrer com as classes economicamente superiores.

Pensem nisso!

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Argos



A vida, ávida de vida,
É como agulha que aponta o norte.
Como argonauta que em mar confuso
Se entrega à lida por melhor sorte,
Avulta a luta, empunha o gládio
E fere de morte a morte.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Los macaquitos.


Caros amigos, na leitura do jornal no fim de semana, deparo-me com um anúncio comercial de lançamento de um condomínio de alto luxo e, para minha surpresa – ainda consigo me surpreender -, o tal anúncio estava cheio de expressões estrangeiras, coisas como: “office space”, fitness center”, espaço “gourmet”, “wireless”, etc. – que diabos será “wireless”? ... menos arame?...sem fio? - Me dói reconhecer que os argentinos estão certos quando nos chamam de “macaquitos”. Por que usar esses termos estrangeiros? O tal empreendimento imobiliário não ficará melhor se forem usados esses estrangeirismos pomposos. É..., é mesmo coisa de povo subdesenvolvido! Qualquer botequim hoje usa apóstrofe e “s” na fachada – “Zé’s Bar”; cabeleireiro virou “hair stylist”; entrega em domicílio é “delivery”; aniversário, quando não é o infantilóide termo “niver”, é “birth day”; e o que dizer das lojas em que liquidação de 50% virou “50% off”?

Dentro do “Shopping” Canoas os alarmes contra-incêndio estão escritos em inglês, deve ser para favorecer a imensa colônia americana que vive por aqui. Os lingüistas vão dizer que a língua é uma coisa viva, que está sempre em modificação, adaptando-se às ruas. Concordo. Mas, a língua também é o maior veículo de propagação da cultura de um povo ou ao menos de manutenção dessa cultura. Com relação a isso, estaremos pecando muito se não pusermos um freio nessa tolice toda. Povo sem cultura é povo subdesenvolvido, é massa de manobra, o país é só uma colônia. Não precisamos de estrangeirismos, a nossa estupidificação já é gritante quando não se perde a novela das nove; quando se discute os filmes da Xuxa, as receitas da Ana Maria ou os dançarinos do Faustão; quando música boa é a Banda Calipso ou o Latino; quando boa literatura são os livros do Paulo Coelho; ou quando se acredita que os deputados sanguessugas e mensaleiros serão punidos. É, não temos jeito mesmo! Pensando bem, os argentinos estão certos!
“That’s all, folks!”



sexta-feira, 4 de maio de 2007

Dúvidas

Não te iludas, não devaneies.
Vive a verdade o melhor que puderes.
Estás no mundo e não sabes
P’ra quê.
Lutas na vida e não sabes
Por quê.
E te alegras e choras e sonhas.
Anseias o quê?

Não me perguntes nada,
Nada sei de respostas.
Que também vivo às voltas
Com a ilusão.
Mas se ajuda e consola,
Lá vai um conselho:
Ama! E não terá sido em vão.

terça-feira, 1 de maio de 2007

O Essencial é invisível.

Caros amigos, lembram-se de O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry? Pois o livro foi um sucesso tremendo entre os adolescentes de minha geração. Achávamos que era um livro infantil, mas, assim mesmo, nos cativava... Em verdade, é um livro para adultos, mas só consegue entendê-lo de primeira quem tem a sabedoria das crianças. Da sua leitura – e releitura depois de adulto – restou-me uma lição: “... o essencial é invisível aos olhos.” Acredito nisso! A vida verdadeira, a que vale a pena ser vivida, na plenitude da paz, da alegria e do equilíbrio, é feita de pequenas delicadezas invisíveis a nossa grosseira visão material que temos de tudo. O essencial normalmente não está no foco principal do nosso objetivo, quase sempre de fundo egoístico; o essencial está no periférico, naquilo que passa por nós e não percebemos. Está no “Bom dia!”, está no “Obrigado!”, está num sorriso que se dê ou que se receba, está nas gentilezas, no crescimento através da educação, está na própria “educação”. O essencial está lá, nos substantivos abstratos que a visão profunda das crianças consegue melhor captar.
Lembro-me, há alguns anos, quando uma escola fez uma exposição fotográfica e convidava as crianças a opinarem sobre os opostos, tipo: “o triste e o feliz”. Uma das fotografias, de um país qualquer no oriente, retratava uma mulher de joelhos chorando, de braços erguidos em sinal de submissão e um homem de turbante, em pé, com um bastão na mão, truculento, ameaçava a mulher. Nos olhos do homem, cólera; nos lábios, um sorriso irônico. Pois uma garotinha de uns seis anos sentenciou: “ O homem é triste”. Perguntada sobre o porquê da resposta, já que era a mulher a agredida, respondeu: “Por que ele é doente e não é feliz!”. Bingo! A criança viu o essencial, pois colérico, o irado, é a primeira vítima de si próprio. Alterando sua saúde, comprometendo sua vida e fazendo a todos ao seu redor infelizes.
Ninguém vai trilhar a estrada da felicidade pavimentando-a de preocupações com a aquisição de coisas materiais. As coisas materiais são necessárias para a sobrevivência com qualidade, mas não são o mais importante. São até supérfluas para a vida verdadeira. Ninguém entra no reino da felicidade se não tiver o coração de uma criança. Encontrar a essência das coisas, o que é invisível aos nossos olhos, isso sim é importante.
Pensem nisso!

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