quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Tempos áridos


Ai, como são sombrios e áridos os tempos em que vivemos. Não, não pretendo que este seja um texto depressivo. Valho-me, antes, da metáfora de que a madrugada é mais escura quando o sol está para nascer. Mas, é preciso estar alerta. Como pode estar acontecendo diante de nossos olhos? Bandos de crianças invadem lojas, hotéis, saqueiam, desafiam, protagonizam escândalos, abandonadas que são por quem deveria cuidar-lhes os caminhos, com carinho e educação. O mundo político e econômico em uma perigosa convulsão. Doidos armados atiram a esmo, explodem-se e levam consigo inocentes, no mais das vezes, em nome de Deus (?). Homens públicos que deveriam servir à Pátria desconhecem esse conceito grandioso e servem-se dela. Entorpecidos pelo álcool, motoristas matam e a impunidade lhes garante o sono. As estradas e ruas das cidades competem com os serviços de saúde pela sua cota de mortos. Por inépcia e inaptidão, abrem-se as portas dos presídios por que lá já não se recuperam os que faltaram com a civilidade. Justiça mal feita é injustiça. Não há heróis. Somos todos vítimas da brutalidade, do desrespeito ao mais elementar dos direitos, viver em paz, com ordem, com saúde, com trabalho digno, com esperança, enfim. Déjà vu. Está aberta a oportunidade para os rebeldes encantadores do povo. Já não são poucos os que sentem falta dos tempos duros de uma ditadura, os que sonham com a ordem estabelecida pela força bruta. Sofremos a dureza destes tempos acreditando que a paz há de vir pelas mãos firmes de um demagogo que desafie toda esta ordem de coisas sem sentido. Mas, a paz não pode vir de fora, ela tem de nascer em mim primeiro. Não se pode consertar o mundo todo sem antes consertar a própria casa. Se queres, amigo leitor, a tua cidade limpa, começa limpando a tua casa e a tua calçada, para que isso sirva de modelo aos que te vêem. Algo de bom deve ter sobrado em nós para superarmos a aridez e o vazio do consumismo. Que os nossos heróis, se um dia os tivermos, tenham mais caráter e menos dissimulação. Que espiritualidade se sobreponha aos interesses materiais. Espiritualidade, não religião, que essas também são fruto de escândalo, de ignorância e exploração. Busquemos, em nós e em tudo o que nos cerca, um pouco do bom, do belo e do verdadeiro. Um homem de bem se conhece pela trilha que deixou atrás de si.

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