segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Escolher ou decidir?



Caros amigos, vocês já viram como os comerciais da televisão transformam a vida numa coisa fácil, simples e descompromissada? Tudo começa com uma simples escolha – da coisa certa, é claro! E o certo é o que está sendo anunciado. E você só escolherá essa coisa, se tiver bom gosto, se for um cara de classe, se for inteligente, etc. Enfim, um cara meio paspalho, assim como eu, está ferrado. Qual o leite você vai escolher? Qual o par de tênis? Qual cerveja? Qual combustível vai colocar no seu carro com motor “mega total power full flex fuel”: álcool ou gasolina? Pois é, o ato de escolher banalizou-se e isso se transferiu para a vida e já fazemos confusão, principalmente os mais jovens, entre escolha e decisão. Como se bastasse apertar um botão no controle remoto que tudo se ajeitará. Mas, a vida é dura e cobra seu preço muito alto para quem só sabe escolher e não tem coragem para decidir.
Pois, escolher é ato de impulso, quase descompromissado, quase sempre é sobre o melhor, o mais fácil e no menor espaço de tempo. Crianças e adolescentes sabem e podem escolher. Coisas como: Qual canal assistir? Em qual cinema entrar? Que tipo de combustível usar? Qual a cor favorita para pintar a casa? Quero café puro ou com leite? Uso a calça preta ou a marrom? Decidir, no entanto, relaciona-se, sempre a situações mais graves e determinantes para a vida. É preciso o uso da lógica e da razão, muito pouco do coração; decide-se pelo que é certo e não pelo mais prazeroso. Ou seja, decide-se pelo melhor que, na maioria das vezes, não é o mais fácil. Enfim, é preciso maturidade para decidir. Infelizmente, a maioria dos adultos ainda não é madura e afasta-se logo do que é demorado e dolorido, mesmo que seja o certo a fazer. Casamento, profissão, educação da família, honestidade e lisura nas relações humanas, isto se decide não se escolhe. Hoje, separam-se os casais (amor não se separa) como se trocam os canais de TV por um controle remoto; o mesmo para as escolas, empregos, amigos (será possível trocar um amigo?). Por que lutar por um relacionamento? Divórcio é fácil. Para que pensar (já que pensar dói), decidir? Por que usar a razão (eu não sou maduro mesmo)? Muda-se, ou melhor, escolhe-se. Li um artigo que falava em dados do IBGE mostrando que nos aproximamos da casa de 50% de separações (classes A e B). Ou seja, parece que muitos estão escolhendo casar, em vez de se decidir pelo casamento. Cada vez escolhemos mais e decidimos menos. É a ditadura do controle remoto. Não é coincidência a preferência das novas gerações pela comida rápida, o tal “fast-food”. Minha geração não é perfeita, ao contrário, só estamos tentando melhorar o mundo agora quando chegamos à faixa entre os 50 e os 60. Mas, nós aprendemos a lidar com as conseqüências das nossas decisões. Ou, pelo menos, alguns de nós. Afinal, o que é certo e o que é errado?
Pensem nisso.

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