segunda-feira, 21 de junho de 2010

Saramago já não está mais


José Saramago, morres, então?

Quem agora haverá de trazer lucidez à minha cegueira?

Tu me disseste um dia (ou teria sido numa noite de leituras?): “A morte é simplesmente a diferença entre o estar aqui e já não mais estar”. Neste ponto discordamos, amigo português, há muito mais no homem que o simples produto dos humores combinados a nervos, carnes, ossos e tendões. Sobra a nós (e em nós) a inteligência, perene e individual, à qual os dedos de ossinhos finos da “sra. Ceifadora” não consegue atingir. Ah, tu te ris, ó gajo? Acreditas que tenho anseios de eternidade? Saibas que não sou seguidor de nenhuma pueril agremiação de cunho religioso. Mas, queria bem ver tua cara agora, aí, deste outro lado, desperto e consciente. Estás morto, é verdade, mas eu falo contigo. Como pode ser? Ora, não te ris mais? Vem, te explico: tua inteligência está plasmada em tudo que escreveste neste mundo, e isso não morrerá jamais. Anda, usa da lucidez que me destes para entenderes que, agora sim, com tua morte, serás imortal e eterno.

Venceste a cegueira, enfim.

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