terça-feira, 17 de novembro de 2009

Aceitando as diferenças.


Sexta-feira, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, em memória de Zumbi, quem sabe o primeiro grande revolucionário americano. Pois, Zumbi e o rei Ganga-Zumba comandaram o grande Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas, com quase 200 Km de extensão, e várias pequenas cidades. Foi, sem dúvidas, a primeira experiência republicana das Américas. E, ao contrário do que se pensa, lá não havia somente um “bando de escravos fujões”, mas gente pobre de todos os matizes, uma população de 30 mil pessoas, eram negros, brancos e índios, agricultores e artesãos fugindo todos da opressão feudal e da pobreza das cidades portuguesas. Uma sociedade de iguais, apesar das diferenças. É, pois, uma data para se ir além desta celebração da etnia negra. É, sim, a oportunidade para rever conceitos e preconceitos que, no Brasil, teimamos em esconder.

Confesso que houve tempo em que pensei que deveríamos recusar as diferenças, a fim de construirmos uma sociedade igualitária. Reconheço, hoje, que são justamente as diferenças que compõem a beleza da raça humana. Estar em paz com as diferenças é aceitar que o mundo tem mesmo de ser multicolorido e multicultural. Nós é que devemos nos adaptar a todos os desiguais. Só o que não se deve aceitar é a falta de caráter e a não aceitação das diferenças, o que nos leva ao tratamento discriminatório a todos os que não aceitamos como “nossos iguais”. Não existe uma raça negra ou uma raça branca ou uma raça amarela, somos todos da raça humana. Cada um de nós, sobre a face da Terra, é tão diferente geneticamente um do outro, que até nisso somos iguais. Ainda assim, discriminamos as etnias, as mulheres, as crianças, os homossexuais, os velhos, os magros, os gordos.

Os verdadeiros valores não estão na cor da pele, na ideologia política, no sexo, na idade, na religião, na opção sexual ou no gosto de cada um por “jazz” ou samba. O caráter, sim, é o importante, a lealdade, a honestidade, o respeito consigo mesmo e com os outros, uma sólida conduta ética e moral. Esses os verdadeiros valores, infelizmente, hoje, cada vez mais fora de moda, principalmente na atividade política, donde deveria vir o exemplo. Se já somos diferentes na cor da pele, na cultura, nos gostos, não podemos aceitar tratamentos diferentes em respeito aos direitos fundamentais e igualdade de condições de acesso aos benefícios sociais. Oxalá, um dia tenhamos uma verdadeira República, talvez nos moldes da que foi sonhada por Zumbi dos Palmares, há trezentos anos. Pensem nisso.


terça-feira, 10 de novembro de 2009

Pelo fim do mau humor.


Pois bem, vamos reconhecer que todo mundo tem o direito de, algum dia, amanhecer azedo e sem vontade de ver a cara de ninguém. Acontece, à vezes. A vida moderna, o estresse, as dívidas, a política, o seu time de futebol, mas para tudo há limite. Vejam só: de manhã cedo, primeira hora de trabalho, o sujeito cumprimenta o companheiro: “Bom Dia!”, o outro dá um grunhido rouco; o primeiro pergunta: “Que mal humor é esse?”, resposta: “Você é dentista por acaso, para eu ter de mostrar os dentes”. Credo! A história é real, eu vi e ouvi. Pois, um carrancudo e mal humorado desses vai envelhecer mais cedo, além de dar mostras de ser um tremendo mal educado: a um “Bom dia” se deve responder com outro, sempre. Mesmo que sua mãe tenha morrido ontem, nunca perca a oportunidade de ser educado. O mundo ao nosso redor não tem culpa dos nossos dramas, passar para os outros nosso azedume é falta de maturidade.

Gente azeda é insensível aos outros e quer contaminar a todos com sua carranca. Já viram como é bom estar ao lado de uma pessoa alegre e educada? Gente assim é que te eleva o astral. Conheço pessoas que têm medo de mostrarem-se educadas e alegres por receio de serem tidas como fúteis. Ora, você pode ser sério com bom humor, além do que, cara feia não é indicativo de sobriedade. Na verdade, não há quem não se sinta bem ao lado de uma pessoa educada e de bom humor, desde que não haja exagero. Não é preciso andar por aí rindo à toa feito o “bobo da aldeia”. Use de gentileza sempre que puder, descubra o prazer de ser educado, de ser útil, de fazer pequenos favores sem esperar nada em troca. Descubra os “invisíveis”, aqueles por quem você passa e não nota a presença. Dê um presente a um amigo sem que seja o aniversário dele. Se alguém quiser desabafar, escute. Aliás, busque escutar sempre mais do que falar, é por isso que temos dois ouvidos e uma só boca.

O quê? Você não tem tempo para isso? Isso é conversa mole sua! Ninguém perde tempo na solidariedade. Por um instante, esqueça-se dos seus próprios dramas e seja solidário com o drama alheio. Descubra que todas as pessoas e todas as coisas têm sua importância. Sua vida vai melhorar? Quem pode saber? Isso só depende de você, mas acredite, você vai se sentir imensamente bem. Por isso, se alguém lhe desejar um bom dia, responda educadamente, de bom humor, com um sorriso na cara: “Bom dia para você também!”

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Água mole em pedra dura.



Como é dura, às vezes, a vida do cronista. Incompreendido, é tido por cansativo e repetitivo pelo leitor. Eu sei, amigos leitores (acredito que ainda os tenha), que escrevemos, repetimos, batemos na mesma tecla, vezes sem conta. Mas, é para que não morra em nós, os cronistas, a indignação diante das abominações que ferem a nossa dignidade (agora é “nós”, a sociedade). Essa é a maneira que encontramos de levar ao público os fatos que imploram apuração e soluções, em respeito aos homens de bem. É a teoria da “água mole em pedra dura”, é preciso insistir e insistir. As pessoas não mudam, é por isso que as coisas não mudam.

Vejam só: todos os anos, os escândalos na política se repetem. E quem são os políticos causadores dos escândalos? Sempre os mesmos. Raramente são uns novos. Então, porque continuamos a votar neles? De quem é a culpa, senão do eleitor, é claro! Pois é o eleitor quem não muda! Por isso batemos na mesma tecla. Para que o povo aprenda que não é vítima. Numa democracia (acreditamos que o Brasil ainda o seja), quem manda é o povo. Aprenda, pois, a mandar!

A educação, então, é sempre deficiente, em qualquer região, com escolas em estado lastimável, às vezes, são até containeres de lata; falta de transporte e merenda, alunos indisciplinados, professores mal remunerados e, no mais das vezes, desinteressados da educação e interessados em política partidária. É preciso repetir: só a educação salva o Brasil. Sem educação seremos sempre um país em desenvolvimento, esqueçam a entrada no primeiro mundo.

Vejam só o trânsito: no Brasil morre, por ano, mais gente do que morreram americanos no Vietnã. A frouxidão e a impunidade são as responsáveis pelo caos. Um bêbado pode se recusar a fazer o teste do bafômetro. Ora, é o interesse privado sobrepondo-se ao público, e isso é absurdo. O excesso de velocidade e a ultrapassagem proibida são infrações, quando deveriam ser crimes, porque matam, e muito. Como não continuar falando sobre isso?

A lei é igual para todos (dizem)! Mas, parece que uns são mais iguais que outros, e se beneficiam com a impunidade. Como não continuar falando da falta de ética na classe política? Pois se essa falta de moralidade pública se reflete no povo, “ora, se eles podem porque eu não?”. Vem daí a falta de respeito às instituições, aos velhos, aos professores, aos pais, às leis, ao trânsito, aos animais, às diferenças, enfim.

É, por isso, amigo leitor, que o cronista precisa continuar batendo assuntos velhos, mesmo que seja como escrever na areia, não importa o tempo que leve, pois uma ou duas cabeças podem mudar para melhor, e, quem sabe, não acabem contaminando outras com o vírus da ética e da moral.

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