quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Já chegamos ao fundo ou não?


Eu já tinha prometido a mim mesmo que não comentaria mais nada sobre a “droga” de programação da TV aberta, mas o cronista nunca pode furtar-se ao momento, mesmo que seja um momento de estupidez massificada. Então, pois, é preciso comentar. O âncora do Jornal Nacional anunciou uma notícia “séria”: a polícia carioca investiga se houve ou não estupro na “casa mais vigiada do Brasil”. Ah, isso, sinceramente, não me interessa. Afinal, quem sai na chuva sabe que vai se molhar. Lógico, a violência, se houve, deve ser punida, não só o violentador, mas também a quem viu e tinha o dever de interrompê-la, como a produção do tal programa. O BBB então não é para isso? Faturar milhões, muitos milhões, incentivando a banalização do sexo, depois de uma farra regrada à droga (é sim, o álcool também é droga). Afinal, não é isso que desperta o interesse do público? A avidez desse público na busca da imagem de um “amasso”, do sexo oculto pelo edredom, ou como disse a “mocinha” supostamente violentada: “a mão naquilo e aquilo na mão”, é essa avidez que paga os milhões. Mas, a emissora não se preocupa se houve ou não a violência, a sua preocupação é manter os níveis de audiência que, com certeza, aumentaram os milhões do faturamento ganancioso. Já chegamos ao fundo ou não?

Interessa-me saber que neste país a cada hora uma mulher é estuprada e uma criança sofre abuso sexual (essa estatística criei agora, mas a realidade, talvez, seja pior). Enquanto os “brothers” se refestelam nas suas farras, as Delegacias da Infância e da Mulher continuam com suas deficiências de material humano e de infra-estrutura para a consecução do seu objetivo na segurança pública. A linha deste “show” é de incentivo ao sexo descompromissado, da coisificação do ser humano, do apelo à vaidade e ao corpo, de polemizar o que é desimportante. Nada que nos engrandeça como entes humanos. Quando este assunto ficar “chato”, outra “polêmica” vai aparecer para merecer “mais uma espiadinha”. A emissora que, propositalmente, deixo de citar para não dar mais audiência, ainda está a enfiar-nos pela goela o tal MMA, ao qual tenta dar caráter de esporte, onde dois homens rebaixados à condição de trogloditas, num ringue octogonal, esmurram-se, esmagam-se até o sangue brotar sem que o “árbitro” intervenha. Talvez, quando morrer alguém, quem sabe? Afinal, o povo gosta disso por que isso está aí? Ou isso está aí por que o povo gosta? Parece que a vida real não tem problemas suficientes. O que deve ser importante nas nossas vidas? O que é importante, afinal?

2 comentários:

  1. Caro amigo,
    Há poucos dias ouvi que o BBB 12 havia começado morno; em seguida vem a público que ele havia sido palco de um estupro, ocupando espaço nos noticiários, inclusive da concorrência. Infelizmente sou levado a acreditar que isto está aí porque o povo gosta, assim como gosta das brigas dos outros programas como Ratinho, Márcia e outros do gênero...

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  2. Gostei muito do teu texto. Não gasto meu precioso tempo assistindo a Globo.Mas, é bom saber o que está acontecendo para poder se manifestar. Quanto a estupros, só em Canoas ocorre 6, 7 por dia.É um assunto muito polêmico. É o pior crime contra uma criança e ...
    Obs.O BBB é preparado,eles querem que o povo retire o estuprador, que ele seja punido.É um tipo de moral idiota que não precisamos.
    O sexo é algo tão legal que deve ser respeitado e não banalizado como você escreveu.

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