terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Vida antes da morte


A filosofia sempre questionou a possibilidade de haver vida após a morte. As religiões sempre deram ênfase ao continuar da consciência após a morte do corpo físico. Há, ainda, aquelas que dizem que esse corpo, mesmo perecido, vai voltar a animar-se no Juízo Final. Assim mesmo a maioria das pessoas tem medo da morte. O que não deixa de ser cômico, senão trágico, afinal a única certeza que temos nesta vida é que vamos todos morrer. Mas, o que impressiona é que cresce o número de pessoas que têm medo da vida ou, ao menos, enfrentar as vicissitudes da vida. Uma gente que não se anima com nada, sem planos, sem objetivos, só com a cabeça cheia de sonhos, mas que não se agitam na construção da realidade. Há, ainda, os que não conseguem lidar com sua própria vida e acabam por suicidar-se. E, nesse gesto tresloucado, acreditem, não há coragem para enfrentar a morte ou covardia para enfrentar a vida, há apenas desesperança. Mas, a maioria vive apenas uma morte em vida. Uma gente que não busca ânimo em nada, é um viver sem contentamento, sem esperança, sem sentido. É gente que já se decepcionou muito, ou está frustrado com o que conquistou na vida. Ou que trabalhou a vida toda e agora não sabe o que fazer na aposentadoria. Casais que querem casamentos perfeitos, que criaram falsas expectativas com relação ao outro e, como casamentos perfeitos não existem, é fatal a frustração. É gente que espera perfeição demais das religiões e dos religiosos, mas como não existem nem homens nem instituições perfeitas, acabam caindo num materialismo pernicioso. A plenitude da vida, pois, está no inverso. Está em reconhecer suas próprias limitações e as dos outros. É buscar razão para continuar vivo, seja através da elaboração de objetivos para si, ou trabalhando para o próximo (e sem remuneração, isso sim dá sabor à vida). É nunca depositar confiança cega nos homens e nas suas religiões-instituições, ao contrário, busque em si um sentimento de religiosidade que o aproxime de Deus, isso é um sentimento inato, não se aprende em nenhuma cartilha e não necessita de práticas exteriores. Viver plenamente é não fugir da vida e das responsabilidades que ela nos cobra. É entender que o casamento é parceria, com lealdade e fidelidade, e nunca pode ser um jogo de interesses ou a futilidade da “carinha” bonita. É esquecer, um pouco ao menos, do possuir e pensar mais no construir. Fazer a paz consigo e com a humanidade, enfrentar a vida com seus altos e baixos, conhecer a si mesmo, é assim que se constrói uma boa vida antes da morte.

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