terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A Alegria na Música



Sempre gostei de música. Gosto de música desde que ela seja realmente música, quero dizer: com músicos e instrumentos musicais. Não gosto desse bate-estaca eletrônico, sem musicalidade, sem poesia; e, gosto menos ainda, dessa pornografia sonorizada das “cachorras” e das “eguinhas”. Como para todo mundo, há músicas que marcaram minha infância e adolescência. Você, por acaso, conhece “Summertime”, dos irmãos George e Ira Gershwin? Ah, pois essa me faz feliz. De repente, do nada, eu me pego cantando ou assoviando essa música. Escutei-a, na primeira vez, lá no começo dos 70 com a Janis Joplin, mas a gravação que me enternece é da Ella Fitzgerald com o trompete e a voz inconfundível do Louis Armstrong. E como não gostar de “Ronda”, do Paulo Vanzolini, na voz rouca da Márcia? Ou de “Detalhes” do Erasmo e do Roberto? Mas, a música que eu considero a mais bem feita, a minha favorita é “Every Time We Say Goodbye” do Cole Porter. Essa é bonita até na voz do Chico Buarque.

Essa compulsão por boa música me vem da infância. Minha mãe cantarolava o dia inteiro. Era Dalva de Oliveira, Vicente Celestino, Chico Viola. Até que cantava afinada a minha velha. Meu pai já gostava de Altemar Dutra, Nelson Gonçalves e Xitãozinho e Xororó. Eu somei isso tudo, acrescentei os meus, e o meu gosto, hoje, vai de Led Zeppelin a Tonico e Tinoco, passando por Mozart e Beethoven. Alguém pode dizer que isso não é “um” gosto, é uma miscelânea eclética. Pois é mesmo, a música é eclética. Os insensíveis vão dizer que música é só matemática. Certo! É mesmo. Mas, música exprime estados d’alma, por isso o ecletismo. A música te acompanha, mesmo que não percebas, entre a alegria e a dor. E veja, como na dor, ela pode te transportar para a alegria. Experimente a “Ode à Alegria” da 9ª Sinfonia de Beethoven, depois me diga se é verdade ou não. A música também não pode ser estereotipada, há muita gente de bombachas que gostam de “rock”, há roqueiros que adoram samba, há sambistas que gostam de ópera. Porque a música quando é boa é universal.

Ano passado, eu ia em direção à Feira do Livro, na Praça da Alfândega, quando um garoto na minha frente começou a assoviar “Jesus Alegria dos Homens”. Ora, fiquei maravilhado. Ele usava uma calça frouxa, mostrando as cuecas, e usava um boné virado para trás. Onde ele teria aprendido essa música? (Rá, rá, olha aí o preconceito, o estereótipo!) Ele poderia estar assoviando um “rap” ou um “rock”, mas era Johann Sebastian Bach quem o fazia feliz naquele momento. Que poder tem a música! Por que esse assunto hoje, afinal? Sei lá! Talvez porque eu tenha escutado “Summertime” logo cedo, e isso tenha me enchido de alegria.

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