Por meio das socializações, da vida de relação, os indivíduos aprendem noções de moralidade: bem, mal, certo, errado, justo, injusto. Esses valores, quando introjetados como verdades absolutas, sem passar pelo escrutínio da razão, impactam a individualidade e a autonomia dos sujeitos. “A verdade e a mentira são construções que decorrem da vida no rebanho e da linguagem que lhe corresponde.”, é o que afirma Nietzsche. A ideia de moral para o homem do rebanho é chamar verdade aquilo que permite que ele permaneça no rebanho e chama de mentira o que pode ameaçar sua posição ou até excluí-lo do rebanho. Normalmente aquilo considerado pernicioso é o que vem ou está fora do rebanho. A moral evangélica do “amor ao próximo” estará sempre distante, pois na verdade o rebanho vive do “medo ao próximo”. E vangloria-se e alimenta-se desse temor. Logo, a verdade é a verdade do rebanho. Mesmo que essa verdade não seja a verdade, porque a verdade não importa, o que importa é como a massa entende a verdade.
O rebanho protege, mas também aprisiona. O rebanho,
como um corpo único, tem horror àquele que pensa individualmente, por si mesmo.
Pois este é o subversivo, é o perigoso carneiro rebelde que aspira tornar-se,
senão lobo, igual ao lobo, ávido por tornar-se livre, senhor dos seus
pensamentos, responsável por seus atos. O rebanho é lugar dos medíocres. Todo
rebanho precisa de seu pastor ou cão guia; sem ele, o que pensar? O que fazer? O
rebanho é dominado e conduzido por uma moral que, para prevalecer, para ser
dominante, precisa que os indivíduos sejam todos iguais e não se diferenciem.
Essa moral de rebanho é sempre criada por uma
ideologia institucional. A religião é uma fonte inventada para fornecer uma
ideologia institucional. Imposta à sociedade como forma de verdade uma grande mentira: “Fora da
religião não há salvação.” O objetivo é impor-se à sociedade com ganas de
domínio cultural, político e econômico. A sociedade apenas obedece mansamente.
Como o rebanho no pasto, em que o pastor é o algoz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário