segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O vício do poder.


Maquiavel nos ensina em O Príncipe, que o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente. Meu pai dizia, na sua sabedoria bronca de torneiro mecânico, que para se conhecer, de verdade, uma pessoa, basta dar-lhe poder ou, então, uma boa pinga. Pois que, os dois vícios revelam a personalidade escondida. Existem os que recebem o poder, mas não o desejam, estes normalmente são os melhores gestores. Existem, no entanto, os viciados, desejosos e ansiosos pelo poder, e estes, no mais da vez, não o merecem. A política, por exemplo, é o melhor campo de atuação do desejoso de poder. Ser o dono da máquina pública, ter nas mãos a chave do cofre, conhecer os meandros das grandes negociatas; ter, enfim, poder sobre o dinheiro público, que é, ao mesmo tempo, de todos e não é de ninguém, mas que o viciado no poder pensa que é só seu. E quando percebem que estão perdendo o poder, ou se desesperam ou, na maioria das vezes, mudam de lado rapidamente para se conservarem atuantes. Os gananciosos por poder são melindrosos, porque o poder não aceita que lhe chamem a atenção para seus erros. São autoritários, sem autocrítica e sem auto-imposição de limites. Mas, não acreditem que falo só da política. Isso não é regra. Conhecemos todos, pessoas que trabalham na política com altruísmo e sempre visando o bem público. A ânsia pelo poder é um dos vícios da humanidade, uma das suas mazelas morais contra a qual o homem, que deseja realmente crescer como ente humano, precisa lutar. É o desejo de subjugar os que lhe caem na esfera de atuação, seja na política, no trabalho, na família, na relação conjugal, na vida de sociedade, enfim. O ganancioso desumaniza-se, dessocializa-se; ele deseja ardentemente ser o centro de todas as atenções, onde todos devam girar ao seu redor e depender de sua decisão. Usa-se o sexo para atingir o poder, usa-se o conhecimento restrito a poucos, a religião misteriosa e dogmática, a informação sonegada do público. Quem tem ânsia pelo poder não mede esforços, é capaz de qualquer coisa para atingir o seu objetivo e depois, conservá-lo. Vale qualquer coisa, passando pela compra de votos e até matar alguém. O viciado pelo poder dificilmente melhora sua conduta, porque não sabe que está errado ou doente, pois quem tem poder extremo cerca-se de bajuladores, que também desejam o poder, pessoas que nunca lhe apontarão os seus erros. E ai daquele que lhe disser que está errado, será considerado um traidor. O poder pode ser um vício ou uma arma na mão dos fracos e gananciosos; ou pode ser uma ferramenta, nas mãos de homens de bem, usada para alavancar o progresso da sociedade. O homem de bem, é modesto, não deseja o poder, e por isso mesmo é bem quisto. O ganancioso usa o poder como se ele fosse um ser à parte da sociedade, é prepotente, pedante, e, quase sempre, pelas costas, é odiado. E você, como usa o poder?

Um comentário:

  1. Grande Gerson,

    Belo texto e oportuno, como sempre.
    Amigo, uso meu poder num raio não maior do que onde minha sombra alcança ao meio dia. E, olhe que já é um campo vastíssimo de atuação.rs

    Um abraço fraterno!!!

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