sábado, 11 de agosto de 2007

Natureza morta



Entre as placas de concreto,
Na fissura da calçada,
O broto verde de macega
Teimoso, aponta.

Natureza insistente,
Não entende que está morta,
A qualquer descuido nosso,
Volta e ocupa.

Esse broto retorcido,
Queimado de fuligem negra,
Vem à superfície dos homens
E espia e encanta.

A macega ressequida,
Espremida entre as lages,
Volta as raízes à terra:
“Calma, não tarda, eles ainda estão lá!”.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

A família faliu?


Caros amigos, leio hoje as páginas policiais entre estarrecido, indignado e - sem medo da pieguice - comovido. Vejo pais, mães e avós impotentes e desamparados diante do avanço das drogas de abuso sobre os jovens de suas famílias. Nos seus desalentos, roubados da esperança, amarram, acorrentam, entregam à polícia os jovens rebentos, filhos de suas carnes; aos quais o amor paternal impõe, tão somente, amar e proteger. Dentro da total falência dos valores e incapazes de equacionar o problema, é assim que as famílias pedem socorro.
Como uma criança de treze anos pode invadir uma casa e, com violência, assaltar seus moradores usando um trinta e oito carregado? Como, em nome da nossa sanidade mental, isso pode acontecer? Os meninos e as meninas deste país, às dúzias, diariamente, estão morrendo, diante dos nossos olhos já insensíveis; estão morrendo e estão matando, quando deviam estar sonhando. Já é coisa tão comum que não nos choca mais. Ai, pobres de nós se perdermos a capacidade da indignação.
Onde foi que nós erramos? Onde é que estamos errando? E não me venham com a conversa de que a culpa é do governo, da polícia civil, da polícia militar, dos professores que perderam a autoridade. Não me venham apontar o dedo e dizer que a culpa é do outro; porque a culpa é “nossa”, é de todos. Não é o governo que faz a minha família, não é a polícia que afasta meus filhos das drogas, não é a professora que educa meus filhos. Sou eu! Somos nós! Nós, pais e mães de família, somos os responsáveis. Erramos quando atingimos o ponto em que valorizamos mais o ter do que o ser; enaltecemos o “se dar bem”, o “ganhar bem”, enriquecer a qualquer custo; com total desprezo por valores, éticos, morais e espirituais. Erramos quando não temos coragem para orientar e esperamos que outros o façam; quando não conversamos, não trocamos afeto, quando não servimos de exemplo e ensinamos que desonestidade é sinal de “esperteza”. Nossos filhos precisam de um modelo de autoridade, mas é bom lembrar: a única autoridade que realmente respeitamos é a autoridade moral.
As instituições do mundo, meus amigos, as ruas, as escolas, as empresas, podem fazer dos nossos filhos grandes homens; mas, só a família pode fazer deles homens de bem.
Pensem nisso!

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