segunda-feira, 28 de março de 2011

Eternamente Cleópatra


Em seus aposentos no palácio em Alexandria, na foz do Nilo, Júlio César, cônsul de Roma, desenrola um tapete que ganhara de presente. De dentro dele salta Cleópatra, rainha adolescente, fresca, cativante, escultural. O velho cônsul apaixona-se.” E junto com ele, todos os meninos como eu era. Quem poderia resistir? Cleópatra era Elizabeth Taylor. Aos 31 anos. Meu Deus! Aqueles olhos azuis..., ou seriam turquesa? Ou acinzentados? Aquela pintinha na bochecha... Liz Taylor, a última estrela. O filme era proibido. Burlei a vigilância do porteiro, que por sinal era meu avô, e me arrojei sala adentro, só para ver Cleópatra. O filme de 1963, do diretor Joseph Mankiewicz, com o Rex Harrison fazendo o velho Júlio César, o Richard Burton, era o bonitão do Marco Antônio, e ela, a diva, Liz Taylor era... Cleópatra. Dela, a Liz, eu já havia assistido “Um lugar ao sol”, com o Montgomery Clif, fazia uma adolescente meio sem sal, mas o filme é bom. Agora, Cleópatra foi um arraso. Na saída, eu ouvi alguns comentários de umas carolas dizendo: “Mas essa mulher era uma galinha! Dava para todo mundo”. Falavam da Cleópatra, eu acho! Ou queriam estar no lugar dela, afinal, eram carolas e, por isso mesmo, reprimidas. E a Cleópatra Taylor passou a perturbar os meus sonhos adolescentes. Uns historiadores andaram dizendo que Cleópatra não era assim, como a Liz, que não era tão bonita e nem devassa, mas que tivera filhos com os ditadores romanos com intenção de estabilizar as relações políticas no Oriente Médio. “Que se danem vocês, seus historiadores xaropes! Vão se meter com seus livros!”. Assisti depois os filmes mais maduros da Liz, “Gato em teto de zinco quente”, “Quem tem medo de Virgínia Wolf?” e “Butterfield 8”, nos dois últimos ganhou o Oscar de melhor atriz. Era uma estrela. Não era só cara, bunda e peito, como a grande maioria é hoje. Era uma grande atriz. Agora dizem que Elizabeth Taylor morreu do coração com 79 anos. Prestem atenção: Uma estrela não morre! Liz Taylor está fixada no nitrato de prata da película cinematográfica para sempre. Saindo de dentro daquele tapete. Eternamente Cleópatra

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