O passado é imutável, inexorável, nada que se faça vai trazê-lo de volta ou mudar qualquer evento passado. No entanto, o passado não existe mais; passou, já era! E o futuro? Como será? Ora, quem é que vai saber? O futuro ainda não existe, está sendo construído agora. Previsão significa ver antecipadamente, mas não pode haver previsão porque posso construir, agora, um futuro diferente do previsível. Assim, existe só o presente, sempre, num ato contínuo de existir e realizar agora o que vai acontecer amanhã.
Não existe destino, nem predestinação, não existe fatalismo, nada está escrito nas estrelas; isso é desculpa de acomodados. O acomodado é aquele que diz: “Deixa assim, seja o que Deus quiser, não posso mudar nada mesmo, nada faz diferença”. Oh, imobilismo! Quem disse que Deus quer as coisas assim? “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Ora, somos seres dotados de livre-arbítrio, os acontecimentos das nossas vidas são fruto do exercício da nossa vontade, não por determinação de Deus, tampouco, são frutos do acaso. É sempre muito fácil colocar a culpa das minhas falhas como homem ou cidadão nas mãos do Criador. Daí é que nascem o conformismo, a preguiça, a letargia. O máximo dos sofismas: “Ué! Deixa que Deus resolva. Ele não sabe de tudo? Então por que não impediu que tal coisa acontecesse?” Simplesmente porque deixa a nossa vontade livre, para que haja mérito nas nossas vitórias. Estes conceitos teológicos têm de ser revistos. Pelo pouco que entendo de Deus, somos seus filhos e não marionetes. A história, pois, está em construção, logo posso interferir no meu futuro. Toda a miséria, a dor, a fome e o desespero de milhões de seres humanos sobre a face da Terra, não pode ser da vontade de Deus. Há de ser fruto do orgulho e da cobiça do próprio homem.
Jean-Paul Sartre disse que “... o homem está condenado à liberdade”. Essa condenação da qual o filósofo nos fala é: somos livres para agir, no entanto, somos responsáveis por tudo o que fizermos. Liberdade sem responsabilidade não é liberdade, é libertinagem. Temos, pois, a liberdade de escolhermos como vamos viver, mas se a semeadura é livre, a colheita é obrigatória. Nós construímos a estrada por onde vamos caminhar, somos os arquitetos da nossa felicidade e os culpados pela nossa danação. Não se vá botar a culpa em Deus por isso.
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