quinta-feira, 10 de julho de 2008

Quem cala..., consente!


Lembro-me, nos tempos de Faculdade, do velho professor Dr. João Asmar ensinando o seu latinório: “Ille tacitus, consen.” Ou seja, em bom português: quem cala, consente! E eu, cá do meu jeito, acrescento: se não tens coragem para falar, cala-te para sempre; ou engula os sapos e aceite ser vítima do próprio silêncio. Porque é o silêncio do povo que incentiva o poder aos desmandos, à corrupção, à vileza e à tirania. De fato, cabe aqui uma questão: por que tantos de nós discordamos dos absurdos que presenciamos e nos calamos diante deles? Por que temos tanto medo de ofender quem detém o poder? Serão ecos dos tempos de ditadura? Será uma herança maldita da colônia que ainda somos? Certo é, caros amigos, que o nosso silêncio eterniza os desmandos e quem os pratica sente-se cada vez mais seguro.
Por que nós sentimos que estamos “incomodando” quando cobramos nossos direitos? Será complexo de inferioridade? Ou medo de perder os benefícios que o Estado paternalista nos dá? Pois, quem cala consente em todo tipo de abuso, desmando, violência, troca de favores e impunidade. Alguém aí acredita que o Celso Pitta e o Daniel Dantas vão permanecer presos? Pois, se existe uma bancada inteira de deputados federais se borrando de medo das escutas telefônicas da Polícia porque foram financiados pelo banqueiro corrupto. Essa é a gente que nós colocamos em Brasília! E se déssemos um basta no nosso silêncio de carneiros mansos? Podemos gritar: Chega! Não voto mais em vocês! Vocês não merecem que eu lhes dê tanto poder! Só voto em candidato que abrir mão do salário! Chega de propina e de corrupção! Quero meu dinheiro de volta! Quero trabalho decente, não quero bolsa-esmola! Quero estudar com qualidade, não quero entrar pelos fundos! Eu pago impostos, logo, vocês são meus empregados! Ponha-se no seu devido lugar! Assim, talvez, poderíamos chegar perto do que é cidadania. Não seríamos conduzidos mansamente para o abate ou passivamente para a tosquia.
O nosso silêncio é um cheque em branco para os mal intencionados. A nossa crítica ao poder é sempre construtiva porque somos os verdadeiros detentores do poder; e, no mínimo, exigimos a exposição da verdadeira face daqueles que exercem este poder em nosso nome, em todas as suas instâncias e em todas as instituições. Portanto, não se cale! Vamos nos expressar como pudermos: pelas ruas, pelas igrejas, pelas sociedades, pelo teatro, pela dança, pelo gesto, pela palavra, enfim! Caso contrário, vamos engolir os nossos sapos! Seremos sempre vítimas da nossa mansidão e não merecemos o direito de falar.
Pensem nisso!

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