terça-feira, 21 de julho de 2009

Sou o que sou...


Cada um de nós é o que é e, daquilo que se é, dá-se o quanto se tem. Não há como fugir dessa regra, não há exceção. Somos o que somos, somos o que nascemos para ser e não o que outros desejam que sejamos. Não conseguimos enganar ninguém por muito tempo. Um lobo será sempre um lobo e, mesmo domesticado, um dia sentirá falta do gosto da caça e vai uivar para a lua. No momento em que nos tornamos o que os outros querem que sejamos, não vamos deixar de ser o que somos, mas já não seremos mais integralmente nós mesmos, uma vez que mutilamos nossa natureza, sufocamos aptidões, reprimimos idéias e sonhos, dons são desperdiçados e restam planos que acabam esquecidos. É como criar e viver numa mentira, a verdade escondida é uma angústia que nos persegue. De repente, num descuido, a verdade teimosa vai aparecer e a dor será maior. Pais ainda existem que forçam, ou subornam, seus filhos a tornarem-se o que eles, os pais, desejavam para si próprios. E é aí que aparecem os maus advogados que seriam bons engenheiros, os maus médicos que seriam bons advogados, os maus engenheiros que seriam bons marceneiros. E aquilo que queríamos realmente ter sido nos persegue como sombra, sempre a nos lembrar que poderíamos ter sido um pouco mais senhores da nossa vontade. Em quantos casais um dos dois desaparece como pessoa para que o outro possa crescer? Pois, isso não é altruísmo, não é amor, é só submissão. O resultado, quase sempre, são vidas amargas, ressentidas, deprimidas e complexadas. Outra coisa, ainda, é buscar um modelo e tentar copiá-lo. Quase sempre a cópia acaba mal feita. Pois, cada um tem o seu jeito de ser, e é sempre melhor agir naturalmente, de acordo com esse seu jeito, a sair por aí feito uma fotocópia de má qualidade. Por conta disso, os consultórios dos analistas estão cheios. O sujeito anda tão longe de si, com os trejeitos, maneiras e aparências dos seus ícones e ídolos, que sufoca a si mesmo e acaba ainda mais infeliz. E depois: meta-lhe antidepressivo e meta-lhe ansiolítico. Pois, o caminho da felicidade passa obrigatoriamente pelo autoconhecimento, o “conhece-te a ti mesmo” de Sócrates, sempre tão atual. Isso funciona como um espelho, mire-se nele, descubra-se, valorize suas virtudes, sufoque os seus vícios morais. Só assim, é possível ter pulso firme e gerenciar a própria vida, sendo aquilo que somos e o que devemos ser, não uma mentira mal contada, que já não engana ninguém. Talvez aí, comecemos a descobrir um jeito de ser mais felizes conosco mesmos e com o mundo.

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