segunda-feira, 30 de junho de 2008

Nós não somos iguais, não!


Caros amigos, eu ainda consigo me admirar com a capacidade que os políticos têm de conviver com uma situação como essa que envolve a nossa CPI do DETRAN. Se fosse comigo – eu acho que jamais será comigo! -, eu já teria morrido de vergonha. Saberia que por onde passasse as pessoas me olhariam e cochichariam “olha ele aí”. Saberia que na casa de todos estariam escancarados, nos jornais e na televisão, os atos que pratiquei e que não são nada decentes. Eu morreria de vergonha diante da minha família, de meus filhos. Como é que eu encararia os meus amigos? Como é que eu encararia a moça do caixa na padaria? E os meus vizinhos? Como seria uma reunião na Sociedade que freqüento? Como seria o cafezinho com os camaradas escritores? Pensei um pouco a respeito e cheguei a seguinte conclusão: uma pessoa só consegue suportar uma situação como essa de duas maneiras: se ela for um tremendo cara-de-pau ou se conviver entre pessoas que são iguais a ela. Um ladrão não tem vergonha de outros ladrões. Um vigarista não se envergonha diante de outros vigaristas. E me preocupei mesmo foi quando pensei que talvez essa turma ache que eu sou igual a eles; e que, portanto, poderiam conviver comigo como se nada tivesse acontecido.
E se eu estiver certo, então esse bando - e outros políticos da mesma cepa - me deixam menos indignado pelos desmandos que eles cometeram que pela perspectiva de que eles acreditem que somos iguais. Definitivamente, nós não somos iguais, não! Pois, essa escória tem de ser varrida definitivamente do cenário político brasileiro. Os homens e mulheres de bem deste país precisam unir-se em torno de uma bandeira de civilidade e justiça (não pensem que falo de algum partido político, não confio em nenhum deles), sob pena de serem tomados por iguais a essa corja. Os homens de bem precisam aprender a governar o governo, como diria o amigo Canabarro. Que tal uma nova campanha: “Nós não somos iguais, não!”. Mostraria o bom cidadão, decente, patriótico e correto. Um brasileiro diferente, que sirva de modelo a todos, principalmente às crianças. Que possam orgulhar-se de dizer que são honestas; que não usam pirataria por que isso incentiva o crime; que não compram auto-peças roubadas por que alguém pode ter morrido por causa delas; que não se escondem atrás da máscara de usuário de drogas por que é isso que faz o tráfico; que não usam artimanhas de suborno e de corrupção; que respeitam o tráfego e não usam o acostamento como pista; que não furam o sinal vermelho e não param em fila dupla; que não furam fila de banco ou qualquer fila, etc. Gente assim existe, são muitos, mas são tão silenciosos. Pois, precisam estar orgulhosos de ser como são e gritar a plenos pulmões: “Nós não somos iguais, não!”. Que beleza de campanha seria!
Pensem nisso!

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