Caros amigos, neste mês de abril comemora-se o sesquicentenário do surgimento do Espiritismo no mundo. Em 18 de abril de 1857, em Paris, foi lançada a primeira edição de O Livro dos Espíritos, obra codificada por Allan Kardec, pseudônimo do pedagogo e cientista francês Hippolyte Léon Denizard Rivail; este lançamento literário marca o início da jornada luminosa da Doutrina Espírita. E surge como contraponto ao materialismo exacerbado do Séc. XIX. Cientistas e pensadores do Século das Luzes, já cansados da fé cega e do medo preconizados pelas religiões acadêmicas, encontram no materialismo bruto a sua boa oficina e com eles arrastam multidões. Mas, engana-se aquele que crê ser o Espiritismo uma religião; é sim, antes, uma doutrina nova que se assenta sobre um tripé formado pela Filosofia, pela Ciência e pela Religião. A dissociação desses elementos é que vai formar a fé cega e sem argumentos, vítima fácil para os materialistas. A Filosofia busca a resposta para as questões de sempre: a existência de Deus, a imortalidade da alma, a pluralidade das existências humanas; quê sou eu? de onde vim? para onde vou? A Ciência, através do empirismo, da constante experimentação, busca a comprovação daquelas questões filosóficas. A religião encontra no Cristianismo a base moral e ética da nova doutrina. A religião conduz ao Amor Universal, sendo o Cristianismo a expressão mais sublime desse Amor e o Evangelho de Jesus é o código de ética e postura que edifica a redenção das almas. O Espiritismo ocupa-se somente com a moral evangélica, entendendo que a dor e o sofrimento do Cristo são exemplos de abnegação e humildade, não devendo jamais ser motivo de adoração.
O Espiritismo não possui dogmas, não tem formalidades exteriores, não possui liturgias, não faz prosélitos. Vale-se da simplicidade sem ostentação para ensinar aos homens o caminho da reforma íntima, a verdadeira reforma moral, por que elaborada no cadinho íntimo das almas. Resgata-nos a capacidade de raciocinar, transformando os homens em livres-pensadores, com a graça de Deus.
São 150 anos de luz para o mundo, clareando caminhos antes obscurecidos pelo fantástico, pelo maravilhoso, pelo sobrenatural, pelo milagre, pela fé cega e sem intenção de esclarecer. O Espiritismo é doutrina que conduz ao bem, ao belo e ao verdadeiro. Mas, não é a Verdade final, é uma parcela da grande Verdade de Deus e um grande passo no entendimento da máxima evangélica: “Conhecereis a Verdade e ela vos libertará!”. Sem medo do futuro, sem medo do “castigo” de Deus, sem crendices, sem superstições, com a convicção de que no esforço íntimo está o esclarecimento e o consolo. “Véritas super omnia”, a verdade acima de tudo, sempre.
Que assim seja!